sábado, 9 de março de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - I [ A relevância da formação_Parte I]

Licença Creative Commons



Este trabalho está licenciado com uma Licença


  A relevância da formação_Parte I
O que é ser professor em 2019 e trabalhar a partir de um novo paradigma? Pois.
Essa é a questão.

Claro que a resposta é simples, demasiado simples: o novo paradigma é passar a ter o aluno ao centro. Aliás, existe um projeto com essa designação.

E claro que a ideia também é simples. E, no fundo, todos os que são professores acreditam que todos os dias, em todas as "suas" salas de aula cumprem esse desígnio.

Será?

E será que as aulas continuam a ser suas? Será que alguma vez o foram?

E como se operacionalizam as ideias, os planos, as atividades nesse novo paradigma? Como se trabalha, em sala de aula de 15, 20, 25 alunos, nesse paradigma? Todos os dias? Com todos os conteúdos? E em cumprimento de todas as Aprendizagens Essenciais, Competências e Programas?

Pois.

A resposta não é simples. Mas possível. Onde se aprende? Qual é a formação?

Comecei há quase trinta anos, no Algarve, colocada em Messines, a aprender aquilo que agora ponho em prática. Residi durante alguns meses em Algoz, lugar a meio caminho entre Messines, Albufeira, a Guia... Ou do outro lado Armação de Pera, depois Portimão, Lagos, Sagres...

Nesse lugar, arrendara um daqueles espaços que no inverno era ocupado por professores e onde, depois, no verão, pernoitavam os turistas... Era um dos anexos de uma vivenda cuja dona ("senhoria") já fora, também, professora e, naquela altura, passara a inspetora. Tivemos imensas conversas. Professora do 1.º Ciclo tinha um saber de experiência feito que gostava, queria, e passava a quem com ela "perdia" minutos, horas a falar. Naquela altura, já não a "deixavam" fazer o que começara a fazer enquanto inspetora. Ou seja, fora para inspetora, numa altura em que se desejava que estes, os inspetores, fossem uma espécie de formadores itinerantes. E a professora Eulália gostava do que fazia. Porque gostara de ser professora e sentira que estava na hora de passar a palavra. E, por isso, gostara de ser inspetora no princípio. Depois, quando a "proibiram" de conversar com  os professores que inspecionava sobre a(s) pedagogia(s) e a sala de aula e os alunos, deixou de gostar do que fazia.

Contou-me que acompanhara, nesses primórdios,  um projeto, segundo me lembro, foi mesmo a professora Eulália que o iniciou, apelidado de OFA (Observa, Faz e Aprende). Quando a ouvia falar, tudo aquilo fazia tanto sentido para mim. Sim, eu acreditava naquilo. Sim, eu era um exemplo. Era possível aprender, observando e fazendo. Provavelmente, é assim que mais aprendemos. Eu aprendera muito assim. Aprendo. E vejamos o sucesso das atividades experimentais das aulas de ciências, sejam elas naturais ou as agora só físico-químicas. Pensemos na educação física. Nas TIC, educações visuais e tecnológicas.

É assim que mais se aprende: observando e fazendo.

E, julgo que esse terá sido o meu primeiro momento de formação. Quase fortuito, sem  inscrição, sem créditos, sem contagem de horas. Gratuito certamente. Mas tão importante, tão relevante.

E foi aí, também não tenho dúvidas, que este novo paradigma começou a nascer.

Sem comentários: