quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um conto de Verão



Naquele Verão, em que caminhava há beira-mar a puxar pela minha imaginação, lembrei-me de uma história que se podia tornar canção …

Estava um dia de Sol, como todos os dias desta estação, e como habitual peguei na toalha de praia e fui deitar-me no chão, à espera do sono ou de um grande escaldão.

Olhei em frente, e vi duas gaivotas que voavam, voavam com muita força e emoção, não sei se estava a ter um grave problema de audição, mas consegui ouvir palavras, assim, em vão! “Vamos voar até cima, até aquele avião, vamos dizer-lhe o tempo de amanhã, que a previsão está uma grande confusão” – disse uma das gaivotas a outra, e eu pensei em pânico: “Tempo? Ter com o avião? Mas que grande baralhação!”; e subitamente… “Olha, olha aquela rapariga! Cala o bico e vamos atrás do avião.”- disse a outra gaivota. Dei um salto de admiração e fui atrás das gaivotas, que fugiam atrás do avião. Desisti e as gaivotas pelo que vi também o fizeram com grande desilusão.

Fui para casa e contei tudo ao meu pai. Ele não acreditou e disse que era invenção.

Passado três semanas voltei àquela praia, com vontade de encontrar as mesmas gaivotas que vi voar. Tinha sensação que muita coisa estava por revelar, como é que as gaivotas estavam comigo a falar e como é que eu as ouvira.

Vagueei, vagueei até vir parar a imaginar esta história, aqui a molhar os pés na água a gelar. Olhei para cima, e por detrás do raiar do Sol, vi duas gaivotas a sobrevoar o mar, chamei-as com sensação que estas eram as que eu andava a esperar. “Gaivotas!” gritei, com toda a força que tinha, e juntas regressaram á beirinha, na areia molhada pela água salgada, fui devagar, passo a passo para não as assustar e logo, logo as ouvi resmungar: “Oh, menina, o que te faz procurar-nos?”- disse uma, “ Andaste a escutar conversas que não soubeste interpretar?”. Fiquei perplexa, sem saber o que dizer. “ Só queria saber, se não estava mesmo a imaginar!” – respondi.

Conversámos muito, brincámos e jurámos segredos, partilhámos segredos para nunca contar a ninguém o deslize das gaivotas que cometeram ao falar tão alto, aos ouvidos de uma menina do mar.

Passei o resto das férias a namorar aquelas gaivotas que adoram conversar, embirrar e resmungar.

O Verão é estação de muita emoção, onde tudo pode ser invenção, mas de boa imaginação e bom coração, cheio de paixão e gaivotas que voam e nos dão alegria de viver e a alegria de escrever uma canção de Verão.



Inês Félix, 7º F

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