quarta-feira, 17 de abril de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - IV [ A relevância da formação_Parte II]

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 A relevância da formação_Parte II

Continuemos, então, a fazer a tal análise ao conjunto de formação por mim efetuado, procurando encontrar nele um dos fios condutores que justifiquem a tal mudança de paradigma.

Além da referência ao primeiro momento de formação não formal que foi, sem dúvida significativo, e sobre o qual falei aqui, não deixa de ser também relevante o facto do primeiro momento de formação formal ter sido feito no âmbito daquilo que hoje em dia se designa por Português Língua Não Materna (PLNM) e que na altura é, simplesmente, o Português para Estrangeiros. Tive essa experiência em 1993 e sem dúvida que me abriu a porta da pedagogia funcional da língua. E que quero eu dizer com isto? Muito simples, na escola onde trabalhei, as pessoas pagavam para saírem da escola ao fim de uma semana a saber o essencial para comunicar. Logo, tudo o que fosse superficial na aprendizagem não se dava. Penso que muito daquilo que ainda hoje se considera aprendizagem essencial no que à disciplina de português diz respeito deveria passar por esse crivo funcional.

A seguir, em 1999, a primeira ação de formação frequentada no âmbito da diferenciação, Pedagogia Diferenciada: da Teoria à Prática, onde pela primeira vez terei refletido sobre a necessidade de diferenciar

Destaco, depois, a formação creditada feita no âmbito da Expressão Dramática - Para uma Utilização Integrada do Corpo e da Voz,  em 2001, e que me deu ferramentas ainda hoje utilizadas em sala de aula. Esta formação teve continuação em 2002, com  O Prazer da Comédia, formação também creditada. 

Em 2003, frequentei a ação de formação - Iniciação à Leitura / O Método João de Deus - , que, pese embora não me tenha dado ferramentas ou conhecimento que pudesse usar em sala de aula, uma vez que não faz parte das minhas competências ensinar a ler e a escrever, serviu para uma tomada de consciência sobre a importância do método muito importante. Ou seja, frequentemente, refletia sobre a relevância de se usar este ou aquele método no processo de aprendizagem. Frequentemente, tentava perceber por que razão, às vezes, uma atividade funcionava e outras vezes não. Uma das razões que me levaram a inscrever nesta formação foi precisamente perceber a razão pela qual uma forma de aprender a ler e a escrever já tão antiga continuava a funcionar. E a resposta foi muito simples: funciona porque naquela escola se decidiu que se ensinava daquela forma. Isto é, existe uma matriz pedagógica que é respeitada e seguida por todos os professores / educadores. Portanto, parece-me que essa pode ser parte da chave do sucesso. 

Neste périplo pela formação efetuada até agora e a sua relevância, vou terminar este post com a referência a uma das ações que mais eficácia tem mostrado ao longo dos anos, no que respeita o trabalho direto com os alunos e com os colegas. Trata-se da ação Ler, Lazer e Aprender, frequentada em 2006. Para se perceber a dimensão desta formação, remeto para o seguinte site: "Ler, lazer e aprender". Fica uma breve síntese: Tratou-se de uma ação de formação frequentada com outras colegas da Escola (na altura ainda não éramos agrupamento). A aprendizagem passou por perceber como implementar um projeto de leitura que proporcionasse aos alunos diariamente 15 minutos de leitura autónoma. Eu e as colegas da escola formámos uma equipa de trabalho e o nosso trabalho final foi o resultado da implementação dessa ideia ainda naquele ano letivo na escola já que tínhamos uma turma em comum. E funcionou. De tal maneira que até hoje o projeto se tem mantido. No ano passado, no âmbito do Festival Livros a Oeste, e numa das rubricas do programa,  apresentámos o projeto de leitura à comunidade


quinta-feira, 11 de abril de 2019

3.º DESAFIO - Histórias em 77 palavras (1)

Do desenho pedagógico proposto nas aulas de PORTUGUÊS| 3D faz parte um atividade desenvolvida no ambiente da disciplina eportuguês (plataforma Moodle do Aedlv) que tem como objetivos promover:

- a utilização das TIC;
- a escrita;
- a criatividade;
- autonomia.

Desta atividade decorre a recolha de elementos de avaliação não só no domínio da escrita e TIC como também nas atitudes e valores já que, não se tratando de uma atividade com um tempo específico de realização em sala de aula, os alunos terão de dedicar tempo de estudo / trabalho autónomo para a desenvolver. Assim, é possível aferir do seu interesse, empenho e autonomia.


No presente ano letivo, já foram propostas quatro atividades designadas de Desafios MOODLE | 2018/19.
Fórum

Apresentamos, hoje, o terceiro desafio.

3.º DESAFIO - Histórias em 77 palavras (1)


Foi pedido aos alunos que escrevessem uma pequena história de 77 palavras onde apareçam as seguintes palavras: fogo | pena | sorriso. A proposta foi feita tendo como referências o blog das histórias em 77 palavras e o facto da professora ter frequentado durante o 1.º período uma formação online da responsabilidade da autor do blog mencionado Margarida Fonseca, promovida pelo Associação Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade

Houve onze participações que passamos a apresentar:

1.ª
Era uma vez uma menina que passeava pela rua com um lindo sorriso. Por cima dela passou um pássaro que ela nunca tinha visto com penas lindas parecidas com fogo. De repente o pássaro caiu devido à rajada de vento repentina. A rapariga com pena dele foi a correr ajudá-lo. Quando o pegou sentiu uma sensação a filtrar-se pelo seu sangue. Desde esse dia ela sentia um sentimento estranho dentro de si e nela descobriu a magia . (Lara Santos e Matilde Carvalheira)
2.ª 
Existe uma vontade de nos expressar, mais concretamente uma vontade de libertar. Libertar a fúria que se suspende dentro de todos com uma chama impossível de ver, mas quando se liberta apenas pega fogo a tudo aquilo que encontra. Libertar a nossa alegria, um sorriso, é a melhor maneira de demonstrar a felicidade, sendo que pode ter mais veneno do que uma cobra. Libertar o animal que temos dentro de nós. Eu tenho uma pena, e tu?  (Maria João Ferreira)
3.ª

Amor Impossível
Há muito tempo Sol estava apaixonado pela Lua mas estes nunca se haviam visto. O Sol então quando passou pela China pediu a um pintor para que fizesse o seu retrato, o pintor com pena aceitou e pintou o retrato do Sol com um grande sorriso de fogo. Depois de terminar a pintura, o pintor mostrou à Lua o retrato do Sol. e assim a Lua ficou ainda mais apaixonada pelo seu adorado Sol.  (Maura Marinho e Tomás Batista)

4.ª


Era uma vez uma menina chamada Floribella. Ela vivia numa floresta, muito bonita cheia de flores, magia... e toda a gente era bondosa, menos...

- Só mais uma pena azul de galinha e estará pronto! - Já dizia a bruxa a sorrir  - Muito bem, Robin, lindo menino, adoro quando tu cospes fogo azul é realmente muito lindo. - Dizia Floribella para seu dragão mágico!
Nesse exato momento, assim que Floribella se afasta de Robin, tudo acontece... (Tamára Correia)
5.ª
Havia uma menina que ao passear na praia reparou que havia uma pena de pássaro na areia, levo-a para casa e mostrou-a ao pai. O pai muito admirado respondeu:
- Não sabia que eras tão interessada nestes assuntos, antes quando eu fazia coleção de penas tu dizias logo "Fogo pai ,não mexas nisso". A rapariga depois de ouvir este discurso do pai mandou um sorriso e disse:
- Eu sei, pai, mas eu já cresci e tenho de aproveitar o que a natureza nos dá. (Cristiana Santos)

6.ª

Era uma vez uma menina que era tão bem disposta que todos os dias acordava de manhã com um enorme sorriso de orelha a orelha, e isso tinha um motivo. Essa menina tinha um amigo que se chamava Jasmim, que era um pássaro. E um dia de primavera Jasmim lhe oferecera uma pena. A partir desse dia a menina passou a sorrir sempre que via o pássaro. Mas infelizmente o seu ninho pegou fogo e Jasmim morreu. (Pedro Fernandes, João Fonseca e Guilherme Marques)

7.ª

Estávamos reunidos em Viseu. Todos tinham um sorriso mais ou menos sentido. O rosto da Luísa mostrava pena pela ausência da Laura. A hora tardia aguçava o apetite, e as iguarias recém-chegadas à mesa permaneciam pouco tempo nas travessas e terrinas de porcelana que a avó Amélia usava só nestas ocasiões. O que parecia não ter fim eram as conversas do tio Artur. O fogo da saudade de outros tempos consumia-o, a ele e a nós também. (Salvador Borges)

8.ª

Durante uma noite de verão tão quente como o fogo havia uma rapariga muito solitária com apenas um amigo, o seu amigo imaginário, um pássaro com lindas penas mas ele era diferente, no meio de varias penas azuis tinha uma única pena branca por isso ele sentia-se rejeitado, mas ele adorava-o, eles estavam sempre felizes, faziam companhia um ao outro e foi ele que lhe colocou um sorriso no rosto. (Carolina Marques e Daniela Ferreira)

9.ª

Era noite de Natal, e vi a árvore cheia de presentes. Lancei um grande sorriso a todos. À meia-noite fomos abrir os presentes, e vi todos a receber muitos presentes e todos os que desejavam, mas quando chegou a minha altura, abri todos os presentes o mais rápido que consegui até encontrar o que queria. No final, vi que ninguém me tinha dado o presente que queria e disse:
Fogo! Não recebi o queria…
Tive mesmo pena(Inês Arsénio)

10.ª
O mistério do encanto do fogo, da sua energia, se é vida pode ser igualmente morte, dá prazer olhar para a lareira acesa, com o carvão incandescente. Sente-se a sedução, a sensação de medo, respeito e adoração, sentimentos que deslumbram, fascinam...É mágico, algo que nos deixa com um grande sorriso e que dá pena quando se extingue, porque se está com vivacidade é forte mas se não se alimenta desfaz-se em cinzas, um elemento feroz...enigmático...(João Carvalho)

NOTA: Alguns dos desafios não respeitam na totalidade as orientações. Os alunos já foram informados disso e poderão proceder às alterações quando quiserem até ao final do ano letivo. Optou-se por publicar os textos tal e qual foram publicados no espaço para o efeito sem que as alterações tivessem sido feitas.



sábado, 6 de abril de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - III (PORT_3D)

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Era minha intenção, tal como menciono aqui, apresentar esta nova estrutura da prática pedagógica que desenvolvo apenas quando concluísse a análise de todo o meu processo formativo, uma vez que acredito que seja nesse processo que se encontre a chave que sustenta toda a transformação deste momento. 
No entanto, vou antecipar esse momento, fazendo já hoje uma sinopse da nova pedagogia adotada precisamente porque numa formação que frequentada neste momento se proporcionou fazer menção a esse aspeto.

Pese embora seja apenas uma breve referência, fica para já o anúncio. Posteriormente, irei, certamente, ter oportunidade de fazer outro post ou vários... onde apresentarei de forma mais estruturada o trabalho desenvolvido até agora.

Surgiu essa oportunidade numa das tarefas a cumprir no âmbito da formação promovida pela DGE. "Autonomia e Flexibilidade Curricular (II)". Na 5.ª tarefa do Módulo 1, foi-nos pedido que  refletíssemos sobre o seguinte:

- Que mudanças organizacionais poderá a escola promover para garantir que todos os alunos atinjam o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória?
Para materializarmos as nossas reflexões, tínhamos de participar em dois fóruns. No primeiro Fórum pediam-nos que respondêssemos à seguinte questão: Do Perfil dos Alunos à minha sala de aula – Por onde devo começar?

Respondi da seguinte forma:
"Por onde começar? - Português 3D
Todos nós, professores, já começámos. O que nos está a ser pedido não é que utilizemos um novo currículo com novos conteúdos e objetivos. O que nos está a ser exigido, neste momento, é que usemos um novo paradigma. Ora, não é um processo simples. Isso implica uma mudança que, como diz Peeter Mehisto, no vídeo disponibilizado, não é fácil. Nós registimos à mudança. Por isso, esta não acontece de um dia para o outro. Vai-se construindo. E por isso, também, todos iniciámos já esse processo de mudança, porque estamos lá todos os dias. Lá, na escola, na sala de aula.

No meu caso, em particular, tenho procurado ao longo dos anos adaptar-me e adaptar as práticas pedagógicas propostas em sala de aula às alterações que decorrem nas necessidades da formação / educação dos alunos que "passam por mim". Esse processo tem sido gradual. Lento. E também é certo que nos últimos anos, como resultado de todas as orientações emanadas do Ministério da Educação e que têm inundado as escolas com a necessidade de repensar a forma de estar na escola, em sala de aula, iniciei um processo claro de quase "ruptura" com o que fazia antes. Não com o que "dava" antes, sublinhe-se. Sem dúvida, com a forma de estar em sala de aula.

Associada a essa mudança surgiu uma necessidade de partilhar. Dizer aos meus colegas, pares o que estava a fazer. Isto porque as dúvidas têm sido muitas. As incertezas também, os momentos de reflexão imensos. Mas não é fácil. Lá está. Existe a resistência. Ainda assim, no Agrupamento onde exerço funções, o diretor tem promovido um espaço próprio para que possamos ir partilhando o que fazemos em sala de aula e esse aspeto tem ajudado a tornar o caminho mais "doce". Paralelamente, comecei a publicar online o resultado de todo este processo. Podem espreitar aqui. É recente esse trabalho e ainda faltam muitas reflexões.

O processo chama-se Português 3D, porque assenta em três dimensões:
+Responsabilidade | >Autonomia = *Aprendizagem. Tenho consciência de que se trata de algo ainda muito incipiente e que tem sido alterado quase semanalmente, às vezes, diariamente. No entanto, não tenho dúvidas de que seja este o caminho. O meu, pelo menos. :)

[+] mais [>] maior [=] igual [*] melhor

Entretanto, e porque esta ideia começa cada vez a ganhar mais forma, publica-se um pequeno vídeo com a sinopse do projeto PORT_3D: