segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Cenários de aprendizagem - Estratégia pedagógica

Em 2018, na sequência da intervenção da IGE numa ação de melhoria, em conversa mais ou menos informal com uma das inspetoras, vi-me confrontada com a dificuldade de responder a uma das perguntas que me foi feita: "Como é que os seus colegas ensinam a escrever?" Na altura, como ainda agora, no nosso Agrupamento e no Departamento de Português em particular, éramos já um conjunto de professores que se mantinha estável. Alguns a trabalharmos "juntos" há mais de 10 anos. 

Não consegui responder à pergunta, porque, efetivamente, não sabia. Aliás, como continuo sem saber agora, ainda que comece a ter mais alguma informação dado que passou a existir também coadjuvação a português em todas as turmas do 7.º Ano. Mas só estamos presente em duas das quatro aulas semanais, sendo por isso difícil acompanhar esse processo. 

Observo, pontualmente, algumas indicações dadas pelos professores sobre a forma como os alunos das respetivas turmas deverão melhorar o processo de escrita, particularmente após o processo de recolha de informação para classificação. 

Não é fácil promover, ou melhor, motivar os colegas a partilharem as suas práticas, criando situações que proporcionem esse tipo de partilha. Por um lado, o tempo de trabalho dedicado a esse tipo de prática (o trabalho colaborativo) é recorrentemente absorvido por outras atividades. Por outro, o que acontece frequentemente quando acontecem esses momentos é acabarmos por partilhar, descrevendo sumariamente as atividades que já propusemos, dando particular destaque aos produtos finais. 

Parece-me que, mais relevante do que esse aspeto que também é  importante, seria construir em simultâneo os cenários de aprendizagem que enquadrassem os vários momentos. 
Há cerca de quatro anos, iniciei esse trabalho de construção de cenários de aprendizagem em colaboração com uma das colegas de departamento. Foi sem dúvida uma experiência bastante enriquecedora e dinâmica. 

Dessa interação, resultou a construção de um modelo de cenário de aprendizagem, aquando da resposta a uma proposta minha, enquanto coordenadora do departamento, de partilharmos precisamente situações de aprendizagem que tivessem resultado válidas aquando o confinamento. 

Pedi precisamente que se evitasse a mera descrição da atividade e que se enquadrasse a mesma no contexto de aprendizagem. 

Fruto de experiências de formação vivenciadas por mim, nomeadamente o curso de mestrado em Pedagogia do Elearning da Universidade Aberta, e das da colega com quem formava equipa, e também com o recurso a este projeto delineamos esta(1) estrutura.
 
Rapidamente nos apercebemos que o processo teria de ser simplificado dado que aquela estrutura não era compatível com o número de aulas previstas a português no 3.º ciclo. E tomamos também consciência da importância de serem definidas linhas orientadoras no início de cada cenário. 

Depois, os vários momentos, pese embora possam e devam ser também trabalhado sem conjunto, tratar-se-ão de processos que, na maioria das vezes, têm de se ajustados às realidades das turmas e também, não menos importante às nossas próprias características. 

E, quando chegamos a esse patamar, estamos claramente no âmbito da avaliação pedagógica.

Termino esta reflexão a dar destaque à relevância do "nós" (professores e alunos em interação) dentro da sala de aula, em que compete ao professor, sem dúvida, orientar os alunos para a descoberta do que é aprender. Em que cada momento pode ser avaliado porque em todos os momentos dentro de uma sala de aula há aprendizagem. Nem todos aos mesmo tempo, alguns mais depressa, outros mais devagar, alguns aparentemente mais distraídos, outros com maior concentração.  Mas todos, sem dúvida, em interações constante, num ritmo diferenciado onde cada um vai "entrando" e saíndo de acordo com as suas expetativas e gostos. Porque eles aprendem sempre aquilo de que gostam de aprendar. Aliás, passa-se o mesmo connosco, os adultos! E essa é a chave. Ao professor dos dias de hoje compete ensinar os alunos a gostar de aprender, naturalmente, na especificidade de cada área disciplinar. Simplificando ainda mais: temos de lhes ensinar a ser curiosos. Basta isso. 

(1) - O link só foi adicionado em abril de 2024.

domingo, 4 de junho de 2023

A poesia nas aulas de português

Neste ano, não previmos, no departamento de português, nenhuma atividade específica para comemorar o dia da poesia (21 de março). Mas, naturalmente, a poesia acontece nas aulas de português de todos os professores várias vezes durante o ano. Algumas  integradas nos cenários de aprendizagem que se vão construindo, outras como apontamento precisamente para comemorar o dia da poesia e ainda existem aqueles momentos únicos em que se conversa sobre poesia de forma quase espontânea. 

Neste post,  publica-se a descrição de duas situações de aprendizagem, uma integrada num cenário de aprendizagem, outra como apontamento para festejar o "Dia da Poesia". Ambas as situações ocorreram em turmas do 7.º Ano.

1.ª SITUAÇÃO - "Festejar a poesia"

1.° Momento - audição do poema;

2.° - Momento a desenvolver em simultâneo com o 1.° - Identificação de uma palavra por cada aluno que traduzisse o que sentiam enquanto ouviam o poema (tinha de ser um nome);

3.° Momento - Construção de um mapa de ideias em conjunto a partir das palavras ditas pelos alunos;

4.° Momento - Contextualização histórica do poema e Identificação de pares de palavras que se opusessem (antíteses);

5.° Momento - Síntese oral construída em grande grupo, moderada pela professora e participada pelos alunos.

E houve um 6.° Momento que não estaria previsto mas um aluno fez questão de fazer silenciosamente: escrita de um poema.




2.ª SITUAÇÃO - "Poesia à maneira de..."

Nas turmas B e C do sétimo ano, após a exploração, em grupo-turma, do poema de Eugénio de Andrade: "Urgentemente", propôs-se que os alunos também em grande grupo, escrevem um poema à maneira de Eugénio de Andrade, tendo-se partido da estrutura do poema analisado.  

Assim, construídos em sala de aula, partindo de uma atividade de brainstorming, os poemas foram o resultado de uma proposta estruturada de escrita que permitiu, simultaneamente, explicar recursos expressivos utilizados na construção de sentidos, além ter proporcionado a revisão das classes de palavras.

Num ritmo diferenciado, promovendo a reflexão individual, discussão a pares com posterior decisão em grande grupo (turma), os alunos foram tomando consciência das várias etapas de construção de um texto poético. 

Paralelamente permitiu que alguns alunos fizessem ilustrações. No caso do 7.º C, de forma mais completa, no 7.º B, em registo de esboço.
Foi ainda efetuada a leitura expressiva em turma do poema.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Avaliar atitudes. É possível? Como fazer?

Num dos grupos do Facebook, criado para debater e partilhar assuntos sobre o Projeto MAIA, alguém colocou a seguinte questão: "ATITUDES - Segundo o Projeto Maia como fazem a avaliação das atitudes nas Vossas Escolas? Obrigado e bom trabalho para todos."

Fiz o seguinte comentário:

E por que razão têm as atitudes de ser avaliadas? 

Ser competente resulta de um processo de construção onde se entrelaçam precisamente as atitudes, as capacidades e o conhecimento. Nenhum destes aspetos pode deixar de estar presente quando se aprende. 

Logo, o processo de avaliação (pedagógica) tem de os contemplar. Como? Simples. Pensando atividades onde os alunos possam desenvolver as suas capacidades. Ao fazerem isso, estarão a ter, necessariamente, atitudes que os levarão a saber o que têm de saber e, mais, mas não menos importante, a saber fazer. 

Portanto, a chave estará na processo de construção dos momentos de aprendizagem. Ou seja, criação de atividades.

Criei este recurso para ilustrar melhor esta ideia. 

Dia do livro || 2025


UAb - Portugal