Mostrar mensagens com a etiqueta Reflexões. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Reflexões. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Educação a distância, um labirinto de ideias...

Imagem de Gordon Johnson por Pixabay

O último post do blog foi há quase um ano. Sim, estamos mais perto do mês de junho do que longe. 

E há cerca de dois anos que tenho vindo a dar conta, neste espaço, de alterações no processo como as aulas têm vindo a ser pensadas. E reporto-me às aulas presenciais.

Neste momento, essas perderam o seu lugar físico e, subitamente, foram substituídas por uma distância física que nos fez sentir perdidos. A nós (professores) a eles (alunos) e aos pais / encarregados de educação.

Estamos a dar os primeiros passos num paradigma que não tem precedentes: massificação do ensino a distância.  

E agora?
Que fazemos a tudo aquilo que fazíamos? Como nos adaptamos? É possível? Como? Como se faz em duas semanas? E se forem três? Um mês?...

Cada pergunta, um percurso, um caminho, uma ideia. E temos o labirinto. A saída onde fica?

Não nos preparámos para esta situação. Mas as soluções já poderiam/deveriam ir sendo desenhadas...


Continuará este a ser um espaço onde se privilegiará o trabalho / produto final do aluno, mas neste momento, esta reflexão era necessária.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Mapas mentais - Uma moda? Ferramenta ou produto para avaliação? Ambos? E a pedagogia PORTUGUÊS 3D.

Licença Creative Commons




Nestas linhas não tenho tempo para desenvolver cientificamente a temática em epígrafe, antes serve o post para formular questões que espero vir a estudar, chegando ou não a conclusões.
No presente ano letivo, fruto do projeto "Aluno ao centro" com implementação no Agrupamento de Escolas onde leciono e a cujo quadro pertenço, fomos, literalmente, invadidos pela ideia dos mapas mentais. O tema está presente na sala de professores, nas reuniões, no bar, nos corredores da escola. São, parece, "salvadores" dos problemas de aprendizagem que ocorrem em sala de aula. E fora dela também, certamente.

O grupo de professores e alunos onde o projeto "Aluno ao Centro" está a ser implementado teve a oportunidade de ter formação de algumas horas a propósito do assunto. Todos gostámos. Afinal, houve interação, pudemos "brincar" com folhas de papel em branco e usar marcadores. Fizemos desenhos associados a conceitos, ideias, objetos apenas e usamos cores. Fizemos associações. Partilhamos ideias. Tornamos tudo colorido. Uma lufada de ar fresco. Soube bem.
E agora?
 Que fazemos com esse conhecimento? Com essa aprendizagem? Os alunos estão a usá-la para aprender? Ou usam-na  para produzir produtos finais que estão a ser avaliados pelos professores?

E devem os mapas mentais de cada aluno ser avaliados segundo critérios definidos pelos professores? Afinal, os mapas não são mentais? Não são as nossas mentes tão diversas umas das outras? Como pode um elemento estranho à nossa mente, o professor, definir, previamente, critérios de avaliação e classificação de um produto final que não pode controlar? Ou o que se pretende é que todos façam o mesmo mapa mental?

Na tal formação em que participei, o que mais me entusiasmou sobre o assunto foi precisamente o facto daquela  ferramenta poder e dever (pelo menos foi essa a leitura que fiz da mensagem passada) ser usada por cada um de nós para o fim que lhe quiséssemos dar, sendo uma espécie de reflexo, espelho da forma como cada um de nós organiza as ideias e processa a informação.
Olha para o que lê, vê e até, porque não, sente. Afinal, também deveria ser possível fazer um mapa mental do coração. Ideia interessante sem dúvida.  Em suma, aprende.

Em que momento da construção do mapa mental de cada aluno deve o professor intervir? Como fazê-lo? Para quê? Porquê?
Devem os alunos construir os seus mapas mentais em casa ou em sala de aula integrados nas tarefas que desenvolvem porque naquele momento se pretende que organize as ideias. Ou o próprio aluno sente essa necessidade.  Devem os mapas mentais substituir a construção de tópicos com as ideias essenciais de um texto, processo que antecede a construção do resumo de um texto? Devem fazer ambos os exercícios? Devemos permitir que escolham? Será o mapa mental um trabalho de síntese ou de resumo? Como conseguimos explicar aos tudo isto aos alunos de forma a que a ferramenta seja útil? Ou será que o melhor é mesmo deixá-los andar?...

Funcionam os mapas mentais da mesma forma para todos? Precisam todos de fazer mapas mentais?

Eu, por exemplo, não gosto de fazer desenhos nos meus. E tenho o traço torto. Ficam feios. No entanto, agora, como antes, sempre partilhei esquemas onde constassem as ideias essenciais de forma a que pudessem servir de referência para que, depois, no seu estudo os alunos construíssem os seus. Seriam já mapas mentais?

Desde há muito que, no trabalho direto com os alunos, sugiro a utilização funcional da cor. Da cor e dos números e até da forma. Estratégias que facilitam a organização e, sem dúvida, a memorização. Seriam estas dicas componentes prévias daquilo a que se chama agora mapas mentais? 
Claro que há mapas mentais que são quase obras de arte. Do ponto de vista estético bastante agradáveis. E.X.C.E.L.E.N.T.E.S.! Mas os alunos aprenderam? Apreenderam? Ficaram a saber? Vão reutilizar?


Essa é a questão. Como poderemos aferir esse aspeto? Haverá lugar à construção de matrizes? Sinceramente, não me parece. Mas, então, como poderemos usar como produto final de trabalho a avaliar?
A outra é perceber como aprendem os alunos a fazer mapas mentais. Em que aulas? De que forma. 
Devíamos ter tempo para refletir sobre estes assuntos e outros. E agir. Construir. Fazer. 
E mostrar, claro. Mostrar sempre. Partilhar. Essencial. 





NOTA: As imagens publicadas decorrem do desenvolvimento de propostas de trabalho incluídas nos percursos de aprendizagem que os alunos vão construindo em sala de aula, num ambiente pedagógico de trabalho que é sustentado em três pilares: +responsabilidade, >autonomia = a aprendizagem, conhecimento, saber, estar, sentir, brincar, respeitar, etc.
Trata-se de um processo que tem vindo a ser desenvolvido numa das salas de aula de português da escola EB Dr.  João das Regras (Aedlv) e por mim designado por PORTUGUÊS 3D.
Este processo foi já partilhado em reunião de departamento e teve da parte dos colegas afável recetividade. 
Ainda em relação às imagens, não sendo exemplos fieis daquilo que se designa por mapas mentais, são, sem dúvida, na minha ótica, o embrião para que possa ser desenvolvida essa ferramenta em prol da aprendizagem dos alunos. Aliás, a disciplina de português, pela sua inerente e natural transversalidade, é um espaço excelente para desenvolver essa capacidade em articulação com as outras disciplinas. 
Partilho também o ppt que usei na apresentação das aulas de português em formato 3D aos colegas do departamento. Claro que o ppt em si diz muito pouco. :) Um destes gravo o que mais há a dizer e mostrar. Quando o tempo der tréguas. Ambos os assuntos fazem parte dos meus mapas mentais quotidianos e têm, paulatinamente, dado origem a reflexões mais estruturadas que tenho, também,  partilhado aqui e na escola, consciente da importância e relevância, para mim e para os outros, deste novo paradigma que começo a ter como referência no trabalho desenvolvido em sala de aula e que curiosamente vai ao entro da ideia veiculada pelo projeto mencionado em cima "Aluno ao centro". 

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - IV [ A relevância da formação_Parte II]

Licença Creative Commons



Este trabalho está licenciado com uma Licença
SemDerivações 4.0 Internacional.

 A relevância da formação_Parte II

Continuemos, então, a fazer a tal análise ao conjunto de formação por mim efetuado, procurando encontrar nele um dos fios condutores que justifiquem a tal mudança de paradigma.

Além da referência ao primeiro momento de formação não formal que foi, sem dúvida significativo, e sobre o qual falei aqui, não deixa de ser também relevante o facto do primeiro momento de formação formal ter sido feito no âmbito daquilo que hoje em dia se designa por Português Língua Não Materna (PLNM) e que na altura é, simplesmente, o Português para Estrangeiros. Tive essa experiência em 1993 e sem dúvida que me abriu a porta da pedagogia funcional da língua. E que quero eu dizer com isto? Muito simples, na escola onde trabalhei, as pessoas pagavam para saírem da escola ao fim de uma semana a saber o essencial para comunicar. Logo, tudo o que fosse superficial na aprendizagem não se dava. Penso que muito daquilo que ainda hoje se considera aprendizagem essencial no que à disciplina de português diz respeito deveria passar por esse crivo funcional.

A seguir, em 1999, a primeira ação de formação frequentada no âmbito da diferenciação, Pedagogia Diferenciada: da Teoria à Prática, onde pela primeira vez terei refletido sobre a necessidade de diferenciar

Destaco, depois, a formação creditada feita no âmbito da Expressão Dramática - Para uma Utilização Integrada do Corpo e da Voz,  em 2001, e que me deu ferramentas ainda hoje utilizadas em sala de aula. Esta formação teve continuação em 2002, com  O Prazer da Comédia, formação também creditada. 

Em 2003, frequentei a ação de formação - Iniciação à Leitura / O Método João de Deus - , que, pese embora não me tenha dado ferramentas ou conhecimento que pudesse usar em sala de aula, uma vez que não faz parte das minhas competências ensinar a ler e a escrever, serviu para uma tomada de consciência sobre a importância do método muito importante. Ou seja, frequentemente, refletia sobre a relevância de se usar este ou aquele método no processo de aprendizagem. Frequentemente, tentava perceber por que razão, às vezes, uma atividade funcionava e outras vezes não. Uma das razões que me levaram a inscrever nesta formação foi precisamente perceber a razão pela qual uma forma de aprender a ler e a escrever já tão antiga continuava a funcionar. E a resposta foi muito simples: funciona porque naquela escola se decidiu que se ensinava daquela forma. Isto é, existe uma matriz pedagógica que é respeitada e seguida por todos os professores / educadores. Portanto, parece-me que essa pode ser parte da chave do sucesso. 

Neste périplo pela formação efetuada até agora e a sua relevância, vou terminar este post com a referência a uma das ações que mais eficácia tem mostrado ao longo dos anos, no que respeita o trabalho direto com os alunos e com os colegas. Trata-se da ação Ler, Lazer e Aprender, frequentada em 2006. Para se perceber a dimensão desta formação, remeto para o seguinte site: "Ler, lazer e aprender". Fica uma breve síntese: Tratou-se de uma ação de formação frequentada com outras colegas da Escola (na altura ainda não éramos agrupamento). A aprendizagem passou por perceber como implementar um projeto de leitura que proporcionasse aos alunos diariamente 15 minutos de leitura autónoma. Eu e as colegas da escola formámos uma equipa de trabalho e o nosso trabalho final foi o resultado da implementação dessa ideia ainda naquele ano letivo na escola já que tínhamos uma turma em comum. E funcionou. De tal maneira que até hoje o projeto se tem mantido. No ano passado, no âmbito do Festival Livros a Oeste, e numa das rubricas do programa,  apresentámos o projeto de leitura à comunidade


sábado, 6 de abril de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - III (PORT_3D)

Licença Creative Commons



Este trabalho está licenciado com uma Licença
SemDerivações 4.0 Internacional.
Era minha intenção, tal como menciono aqui, apresentar esta nova estrutura da prática pedagógica que desenvolvo apenas quando concluísse a análise de todo o meu processo formativo, uma vez que acredito que seja nesse processo que se encontre a chave que sustenta toda a transformação deste momento. 
No entanto, vou antecipar esse momento, fazendo já hoje uma sinopse da nova pedagogia adotada precisamente porque numa formação que frequentada neste momento se proporcionou fazer menção a esse aspeto.

Pese embora seja apenas uma breve referência, fica para já o anúncio. Posteriormente, irei, certamente, ter oportunidade de fazer outro post ou vários... onde apresentarei de forma mais estruturada o trabalho desenvolvido até agora.

Surgiu essa oportunidade numa das tarefas a cumprir no âmbito da formação promovida pela DGE. "Autonomia e Flexibilidade Curricular (II)". Na 5.ª tarefa do Módulo 1, foi-nos pedido que  refletíssemos sobre o seguinte:

- Que mudanças organizacionais poderá a escola promover para garantir que todos os alunos atinjam o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória?
Para materializarmos as nossas reflexões, tínhamos de participar em dois fóruns. No primeiro Fórum pediam-nos que respondêssemos à seguinte questão: Do Perfil dos Alunos à minha sala de aula – Por onde devo começar?

Respondi da seguinte forma:
"Por onde começar? - Português 3D
Todos nós, professores, já começámos. O que nos está a ser pedido não é que utilizemos um novo currículo com novos conteúdos e objetivos. O que nos está a ser exigido, neste momento, é que usemos um novo paradigma. Ora, não é um processo simples. Isso implica uma mudança que, como diz Peeter Mehisto, no vídeo disponibilizado, não é fácil. Nós registimos à mudança. Por isso, esta não acontece de um dia para o outro. Vai-se construindo. E por isso, também, todos iniciámos já esse processo de mudança, porque estamos lá todos os dias. Lá, na escola, na sala de aula.

No meu caso, em particular, tenho procurado ao longo dos anos adaptar-me e adaptar as práticas pedagógicas propostas em sala de aula às alterações que decorrem nas necessidades da formação / educação dos alunos que "passam por mim". Esse processo tem sido gradual. Lento. E também é certo que nos últimos anos, como resultado de todas as orientações emanadas do Ministério da Educação e que têm inundado as escolas com a necessidade de repensar a forma de estar na escola, em sala de aula, iniciei um processo claro de quase "ruptura" com o que fazia antes. Não com o que "dava" antes, sublinhe-se. Sem dúvida, com a forma de estar em sala de aula.

Associada a essa mudança surgiu uma necessidade de partilhar. Dizer aos meus colegas, pares o que estava a fazer. Isto porque as dúvidas têm sido muitas. As incertezas também, os momentos de reflexão imensos. Mas não é fácil. Lá está. Existe a resistência. Ainda assim, no Agrupamento onde exerço funções, o diretor tem promovido um espaço próprio para que possamos ir partilhando o que fazemos em sala de aula e esse aspeto tem ajudado a tornar o caminho mais "doce". Paralelamente, comecei a publicar online o resultado de todo este processo. Podem espreitar aqui. É recente esse trabalho e ainda faltam muitas reflexões.

O processo chama-se Português 3D, porque assenta em três dimensões:
+Responsabilidade | >Autonomia = *Aprendizagem. Tenho consciência de que se trata de algo ainda muito incipiente e que tem sido alterado quase semanalmente, às vezes, diariamente. No entanto, não tenho dúvidas de que seja este o caminho. O meu, pelo menos. :)

[+] mais [>] maior [=] igual [*] melhor

Entretanto, e porque esta ideia começa cada vez a ganhar mais forma, publica-se um pequeno vídeo com a sinopse do projeto PORT_3D:

terça-feira, 12 de março de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - II

Licença Creative Commons



Este trabalho está licenciado com uma Licença
SemDerivações 4.0 Internacional.

Estou apostada em desenvolver a partir de agora uma forma diferente de estar em sala de aula. Não precisaria de aqui partilhar esta impressão, ideia, projeto. Ainda assim sinto essa necessidade porque uma parte da justificação que levou a esta mudança de paradigma está diretamente relacionada com a minha competência adquirida ao longo dos anos no domínio da pedagogia em elearning. E essa mestria está relacionada, tem de estar,  com o saber estar na rede. É-lhe inerente. As ferramentas da web 2.0 têm na sua essência essa permanente e natural necessidade de serem partilhadas. É dessa forma que se constrói o conhecimento nesse e neste mundo.

Por isso, nada mais natural para mim do que estar aqui a escrever estas palavras. Posso mesmo dizer que é quase uma necessidade. Este processo de escrita permite uma reflexão que vai exigindo em simultâneo a tomada de decisões. Concomitantemente, vou criando neste preciso momento situações mentais de aprendizagens que irei, a posteriori, usar na construção de situações de aprendizagem. Em suma, trata-se de uma partilha generosa, digamos assim, mas é, também, e antes de mais, uma ajuda a todo este processo. Sei que na escrita no papel isto não me acontece. 

No seu título, este post tem o número II, porque se trata da continuação deste.

Sim, porque tudo o que fazemos tem as suas referências e este meu projeto de mudança está sustentado por múltiplos fatores, um dos quais a sua própria fundamentação. 

Tem-me acontecido encontrar em partilhas da rede social Facebook, particularmente, referências a estudos e experiências onde se podem ler referências a literatura que poderiam sustentar todo o trabalho que tenho realizado. Vou guardando, na esperança de um dia ter como as ler. Ou, então, encontrar uma parceria que, mais desafogada de tempo e sem a responsabilidade de todos os dias "enfrentar" cinco turmas de alunos, consiga sustentar em teoria tudo o que aqui irei descrever à laia de memória descritiva. 

No entanto, para vir a chegar ao momento em que apresentarei a estrutura desta nova forma de trabalhar, sinto, em mim e por mim, esta necessidade de encontrar a chave de todo este processo. Como se fosse importante, mais, relevante, conhecer a matriz. Afinal, todos temos necessidade de saber de onde viemos para saber quem somos e perceber o que andamos a fazer.

E é por isso que, neste segundo momento, já vai longo, continuarei a fazer menção à questão da formação. Sim, sem dúvida, como dizia no post do dia 9 março, um aspeto muito importante para esta construção. E se nesse dia aludi, e aplaudi, com saudade melancólica, o momento inicial da minha formação após a licenciatura, momento que foi totalmente desprovido, como poderão recordar aqui de qualquer formalismo, hoje, termino por remeter para esta página onde poderão identificar todos os momentos formais de formação por mim frequentados até hoje. Ainda não está atualizado com a  formação feita neste ano letivo. 

Não me irei alongar mais, por agora. Apenas registo ainda que nos próximos postes irei destacar aqueles momentos de formação que, na minha ótica, mais terão contribuído para a aprendizagem deste novo paradigma. 

sábado, 9 de março de 2019

Como se (a)prende um novo paradigma? - I [ A relevância da formação_Parte I]

Licença Creative Commons



Este trabalho está licenciado com uma Licença


  A relevância da formação_Parte I
O que é ser professor em 2019 e trabalhar a partir de um novo paradigma? Pois.
Essa é a questão.

Claro que a resposta é simples, demasiado simples: o novo paradigma é passar a ter o aluno ao centro. Aliás, existe um projeto com essa designação.

E claro que a ideia também é simples. E, no fundo, todos os que são professores acreditam que todos os dias, em todas as "suas" salas de aula cumprem esse desígnio.

Será?

E será que as aulas continuam a ser suas? Será que alguma vez o foram?

E como se operacionalizam as ideias, os planos, as atividades nesse novo paradigma? Como se trabalha, em sala de aula de 15, 20, 25 alunos, nesse paradigma? Todos os dias? Com todos os conteúdos? E em cumprimento de todas as Aprendizagens Essenciais, Competências e Programas?

Pois.

A resposta não é simples. Mas possível. Onde se aprende? Qual é a formação?

Comecei há quase trinta anos, no Algarve, colocada em Messines, a aprender aquilo que agora ponho em prática. Residi durante alguns meses em Algoz, lugar a meio caminho entre Messines, Albufeira, a Guia... Ou do outro lado Armação de Pera, depois Portimão, Lagos, Sagres...

Nesse lugar, arrendara um daqueles espaços que no inverno era ocupado por professores e onde, depois, no verão, pernoitavam os turistas... Era um dos anexos de uma vivenda cuja dona ("senhoria") já fora, também, professora e, naquela altura, passara a inspetora. Tivemos imensas conversas. Professora do 1.º Ciclo tinha um saber de experiência feito que gostava, queria, e passava a quem com ela "perdia" minutos, horas a falar. Naquela altura, já não a "deixavam" fazer o que começara a fazer enquanto inspetora. Ou seja, fora para inspetora, numa altura em que se desejava que estes, os inspetores, fossem uma espécie de formadores itinerantes. E a professora Eulália gostava do que fazia. Porque gostara de ser professora e sentira que estava na hora de passar a palavra. E, por isso, gostara de ser inspetora no princípio. Depois, quando a "proibiram" de conversar com  os professores que inspecionava sobre a(s) pedagogia(s) e a sala de aula e os alunos, deixou de gostar do que fazia.

Contou-me que acompanhara, nesses primórdios,  um projeto, segundo me lembro, foi mesmo a professora Eulália que o iniciou, apelidado de OFA (Observa, Faz e Aprende). Quando a ouvia falar, tudo aquilo fazia tanto sentido para mim. Sim, eu acreditava naquilo. Sim, eu era um exemplo. Era possível aprender, observando e fazendo. Provavelmente, é assim que mais aprendemos. Eu aprendera muito assim. Aprendo. E vejamos o sucesso das atividades experimentais das aulas de ciências, sejam elas naturais ou as agora só físico-químicas. Pensemos na educação física. Nas TIC, educações visuais e tecnológicas.

É assim que mais se aprende: observando e fazendo.

E, julgo que esse terá sido o meu primeiro momento de formação. Quase fortuito, sem  inscrição, sem créditos, sem contagem de horas. Gratuito certamente. Mas tão importante, tão relevante.

E foi aí, também não tenho dúvidas, que este novo paradigma começou a nascer.

Dia do livro || 2025


UAb - Portugal