Hora de mudar... Português 3D


De repente estamos numa sala de aula silenciosa, onde tudo funciona bem. Onde não há ruído, os miúdos vão fazendo... No momento a seguir, continuamos naquela sala de aula e começamos a perceber que os miúdos vão fazendo e até estão em silêncio, mas pouco vão aprendendo. Ou melhor, alguns vão aprendendo. Outros não fazem barulho já que isso iria provocar a reação da professora. E aprender? Quantos aprendem? Aqueles que cumprem as várias tarefas. Aquelas que seguem as orientações. Aqueles que desenvolvem as atividades. Aqueles que começam e acabam.
Mas, e quantos são?!
Pois, cada vez menos. Cada vez menos. Portanto, havia que proceder a mudanças, havia que tornar o terreno árido em algo que fosse verdejante.

E foi a perceção de que cada vez menos alunos fazem "coisas", cumprem tarefas, desenvolvem atividades que exigiu uma mudança de paradigma. Se é certo que já muitas das atividades propostas em sala de aula exigiam a participação direta dos alunos, também é certo que se tratavam ainda de propostas desenhadas para o grupo / turma, tendo como tempo de realização aquele que a professora considerava necessário para a sua concretização. Ora, nem sempre é assim. O tempo dos alunos não é o tempo dos professores.
Portanto, e se o foco passasse a ser no tempo deles? Faria diferença? Fez. Esse pormenor foi suficiente para que o trabalho, em sala de aula, passasse a ser efetivo. E, o mais importante, para todos. Ou seja, todos os alunos passaram a percorrer o mesmo caminho. Todos os alunos constroem o seu conhecimento, através de um percurso igual, mas desenvolvido a tempos diferentes. Até agora, esse pormenor está a fazer toda a diferença, já que permite maior individualização, diferenciação e, principalmente, permite que cada aluno desenvolva o seu espaço de autonomia, tomando consciência do seu próprio percurso, das suas facilidades e dificuldades. 

Esta quase exigência de mudança surgiu num ano em que a professora frequentava uma ação de formação sobre a gestão de conflitos em sala de aula, sendo que uma das propostas de medidas para superação desses problemas residia precisamente nas propostas de atividades sustentadas em trabalho de equipa. Por outro lado, aproximava-se a altura de ter de trabalhar em turmas do nono ano Os Lusíadas. Texto que cada vez se torna mais difícil de trabalhar à luz da leitura clássica...

Assim, juntando esses dois fatores, aconteceu o surgimento do Método Português 3D. Inicialmente, pensado para as seguintes três dimensões: Cidadania, Conhecimento, Criatividade, neste momento assenta em três pilares diferentes mas que estão a permitir a construção de grupos de estudo, primeira etapa para adquirir competências para o estudo e aprendizagem: Responsabilidade, Autonomia e Conhecimento (Aprendizagem). 

Através de percursos de aprendizagem (PA) desenhados de forma a que cada aluno, individualmente ou em pequenos grupos (equipas), possa construir o seu conhecimento, os alunos vão sendo responsabilizados pelo tempo de estudo / trabalho que demoram a desenvolver os percursos. Desta forma, tornam-se não só mais responsáveis, mas também autónomos. O que irá garantir, acredita-se e começa-se a provar, o seu sucesso. 

Neste caminho, há espaço e tempo para um apoio mais individualizado por parte da professora que, pontualmente, e quando necessário, propõe medidas diferenciadoras aos alunos que delas necessitem. No entanto, tem sido interessante verificar que todos os alunos conseguem desenvolver os percursos, variando apenas o tempo em que os concluem. Começamos a acreditar que será possível trabalhar assim todos os dias do ano em todos os anos. É preciso tempo. 

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